EU E A CAIXA

No ano de 76
Em maio, precisamente
Começava uma carreira
Que tocaria adiante
De professor a bancário
Ou melhor, economiário
O nome de antigamente

Tempos outros eram aqueles
Em tudo na nossa empresa
Em vez de CAIXA, era CEF
Mas tinha a mesma beleza
Beleza pra nós servidores
Seus fiéis trabalhadores
Sempre a amando, com certeza

Com meus 25 anos
Comecei a nova missão
Que duraria estes anos
Mas que aqui não encerra, não
Do emprego me desligo
Mas aqui “enterrei meu umbigo”
Continua a relação

A relação trabalhista
Por força da circunstância
Chega ao fim, vai se encerrar
Acaba aqui a militância
De quem aqui chegou um dia
Cheio de fé e alegria
E coragem em abundância

Os primeiros passos dados
Para aquele professor
Foram um tanto quanto difíceis
Uma mudança de horror
Pra o novo trabalho abraçar
Era preciso aliar
À coragem muito amor

E esse amor chegou bem cedo
Pois logo, logo incorporou
O sentimento maior
No seu coração brotou
Um amor tão duradouro
Que vem lá do nascedouro
Quando o contrato assinou

Já são 34 anos
Não são 34 dias
São dias e anos vividos
De satisfações, alegrias
E também de contrariedades
Sem as adversidades
Nossas vidas são vazias

Na Rua Virgílio Damásio,
Número 01, primeiro andar
Seção de Consignações
Bom lugar pra começar
Uma equipe já madura
Acolhe aquela criatura
Na CAIXA a iniciar

Depois a Seção de Depósitos
E a sua primeira função
Durou menos de 01 ano
E a primeira decepção
O menino foi dispensado
Um fato mal explicado
Uma saída sem razão

Lá se foi pra uma agência
A Relógio de São Pedro
A maior agência daqui
Trouxe a ele um pouco de medo
Era a que hoje é Das Mercês
E eu confesso a vocês
Boa fase desse enredo!

Veio aí um desafio
Para aquele cidadão
Um convite pra uma gerência
Para uma nova função
Barreiras seria o destino
E lá se vai o menino
Para o longínquo rincão

Não sabia o que o esperava:
Uma agência de matar
O gerente da agência e ele
E um caixa pra completar
Tinha um colega destacado
Que um dia saiu picado
A agência a abandonar

O gerente da agência também
Para Salvador voltou
Nem dois meses completaram
Foi o tempo em que lá ficou
Um caixa e aquele gerente
Acredite, minha gente
Foi do quadro o que restou

Passaram a ser dois heróis
Nada de caixa e gerente
Enfrentar aquela agência
Sempre entupida de gente
Os dois quase sem experiência
Só muita fé e paciência
Para aquentar o batente

Como fruto daquela luta
Da fé, da perseverança
Depois de uma tempestade
Veio pra ele como bonança
Uma coisa alvissareira
A vinda pra Cachoeira
Renasce-lhe a esperança

Um resgate para o jovem
Na sua vida profissional
Um grande, o maior passo
Na sua vida pessoal
Pois ali, em Cachoeira
Viria encontrar a companheira
Seu grande amor, afinal.

Em um ano na cidade
Veio a grande promoção
Seria gerente de agência
A sua nova função
Veio junto com o grande evento
Que foi o seu casamento
Feliz e eterna união

Iria pra uma nova cidade
Agora não mais sozinho
Pois ali, bem do seu lado
Bem junto, bem coladinho
Seu grande amor, sua mulher
Para o que der e vier
Dois em um só, num só caminho

Euclides da Cunha os acolhe
Por uma boa temporada
Período de muito sucesso
Inesquecível jornada
E pra completar a maravilha
A nossa primeira filha
Foi naquela terra gerada

Do Norte pra o Baixo Sul
De Euclides da Cunha saudade
Valença, o novo destino
Mais uma nova cidade
Desafio para um gerente
Novos ares praquela gente
Uma outra realidade

Quase dois anos felizes
Para mim e minha família
Na acolhedora cidade
Mais uma alegria nos brilha
Alegria e emoção
Encheu-nos o coração
Com a vinda da segunda filha

De Valença nos mudamos
De volta pra Capital
A Agência Itapuã
Me acolheu sem igual
Respirando o ar da poesia
Com o trabalho do dia-a-dia
Foi mais que sensacional

Rumei então pra o Canela
Agência Araújo Pinho
Um perfil bem diferente
Daquele público todinho
A faixa etária e a renda
E uma coisa estupenda
A atenção e o carinho

Veio aí a D. João VI
Um impacto, uma guinada
Da calma e serenidade
Para uma agitação danada
Cinco anos lá passei
E à minha vida somei
Uma etapa sempre lembrada

Além do sucesso alcançado
Com trabalho e paciência
Mais uma alegria em família:
Aumentou a descendência
Minha vida teve outro brilho
Quando nasceu o meu filho
Eu estava naquela agência

Fui aí para a Calçada
A título de promoção
Passei lá mais de três anos
Trabalho e satisfação
Dois marcos em desafio
Dias e meses a fio:
A AGECEF e a eleição

Veio o Shopping Piedade
Período curto, porém
Além do trabalho e luta
Uma coisa marcou também
Um sonho realizado:
Foi meu livro editado
Isso me fez muito bem

Parti para águas mais mansas
Num porto calmo ancorei
Ancorei no Porto da Barra
Pouco tempo lá passei
Mas nunca será esquecido
O tempo por mim vivido
O que lá vivenciei

Desafios, experiências
Fazem parte de nossa vida
Foi aí que eu parti
Para uma nova investida
Inaugurar uma agência
Uma feliz experiência
Foi então por mim vivida

Era o ano de 99
Quando essa passagem vivi
Inauguramos a agência
Com boa gente dividi
Momentos de felicidade
Na carreira prosperidade
Na Agência Imbui

Cheguei para a Agência Graça
Mês de junho, dia três
Lá fiquei quase cinco anos
Até o final de 2006
Era um sonho do passado
Ali enfim realizado
Havia chegado a vez

Quatro anos e seis meses
Convividos com harmonia
Com uma equipe boa e amiga
Aliando trabalho à alegria
Com um público excelente
Por outro lado exigente
Até que chegou o dia

O dia de se mudar
Outro rumo no caminho
A volta após vinte anos
A um querido e antigo ninho
Quando se gosta e é feliz
A tendência é pedir bis
De novo Araújo Pinho

Era quase o fim da jornada
Três anos de árdua luta
Comandando uma boa equipe
Eu na frente, na batuta
Apesar dos resultados
Sentimo-nos gratificados
Pelo trabalho e labuta

Chegou dia 02 de dezembro
Do ano de 2009
Como que para testar
E o profissionalismo comprove
Transferência pra Simões Filho
Aí o olhar perde brilho
E não há que não reprove

Parei, pensei, refleti:
Vou pedir minha rescisão
Até que vieram os conselhos
“Rapaz, não faça isso, não!”
Aí eu voltei atrás
A gente tem que ser capaz
De mudar de decisão

E foi a coisa mais certa
Perderia a oportunidade
De ter conhecido uma equipe
Brilhante, de qualidade
A Agência Simões Filho
É garra, é luta, é brilho
Pequena grande unidade

Chegou então o PAA
E mais uma decisão
Sair ou continuar
Eis aí a grande questão
Uns acham que é bom ficar
Outros que é bom se mandar
Fica a mente em confusão

Eu e mais outros e outras
Decidimos nos desligar
Achamos que chegou a hora
De outra vida enfrentar
Uma vida com mais qualidade
A grande responsabilidade
De para nós mesmos olhar

Nesta fase final da carreira
Período de transição
Um gesto amigo, acolhedor
Que é digno de gratidão
O Shopping Barra me acolheu
O muito obrigado meu
É pouco, não basta não.

Dia primeiro de maio
Por mera e feliz coincidência
Será nosso primeiro dia
De um ócio com consciência
O ócio muito pensado
Refletido, planejado
Com cautela e paciência

Vida nova nos aguarda
A CAIXA é página na história
Foram anos de muita luta
Que no fim se resumem em glória
Vocês que saem comigo
Se irmanem com este amigo
E vivamos esta vitória

Agradeço a Deus por tudo
Que a CAIXA me concedeu
Por tudo que fiz por ela
E o que em troca ela me deu
Até pela incompreensão
Exercício do perdão
Por parte de quem venceu

A empresa agora é outra
Está mais forte e garantida
Mas parcela da sua essência
Com o tempo está sendo perdida
Pela sua sustentação
Uma parte do seu coração
Está um pouco endurecida

São outros tempos, compreendemos
Por isso a preocupação
Não queremos que ela perca
O maior valor de sua missão:
Que não fique em segundo plano
O respeito ao ser humano
E a sua valorização

É hora de agradecer
A todos que compartilharam
Dos bons e dos maus momentos
Da CAIXA participaram
Do primeiro ao último escalão
Para mim uma irmã, um irmão
Que comigo caminhos trilharam

O único legado que deixo:
Meu carinho e meu coração
Nem de corpo nem de alma
Estarei ausente, não
Rever cada um de vocês
É renovar cada vez
A alegria e a satisfação

Aceitem agora e sempre
Minha consideração
Acompanhada também
Da minha admiração
Eu digo tchau, não adeus
A vocês, amigos meus
Um forte abraço de Tião.


Salvador, 30 de abril de 2010